sábado, 5 de julho de 2014

abre-me a tua casa

abre-me a tua casa. lança-me teus braços em cordas de salvamento. que os espinhos do teu caule me sangrem, se for preciso, mas nunca como antes sangraram o menino que fui. deixa que te envolva em meus braços de homem, e que eu possa te dar a segurança de que preciso. o futuro se encarregará de nós como um barco, desde que o rememos. que eu sinta a tinta de teus cabelos entre meus dedos, campos de trigo às quatro da tarde. que o vermelho de meus lábios deixe manchas indeléveis sobre cada parte de teu corpo. que as sombras em tua memória te sejam sempre de vidro, e os filhos de nosso presente, diamantes. peço-te, ordeno-te, que fiques sempre ao meu lado. não temos mais que nos esconder. eu não tenho planos de fuga e já não és mais labirinto, mas mistério a ser desvendado. que nosso mar seja calmo, ainda que eu saiba das ondas que tens nas madrugadas nubladas. por fim, que estejamos sempre caminhando ao pôr-do-sol, com a primavera entre os dentes.

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